Por DAVID ESCOBAR ARANGO
Diga-me quem são seus amigos e eu lhe direi quanto tempo você vai viver”, ouvi Dan Buettner, autor de The Blue Zones, dizer. O explorador da National Geographic dedicou-se a viajar pelo mundo para estudar e desenvolver uma espécie de taxonomia sobre os povos mais longevos do planeta. Ele viveu em comunidades na Grécia, Itália, Japão, Costa Rica e Califórnia. Ele encontrou vários elementos comuns que você pode encontrar em seu livro ou na internet, mas o dos amigos, que ele chama de “a tribo certa”, me parece um tema maravilhoso para um talk show. A qualidade e a solidez das nossas relações serão o fator determinante da nossa longevidade, e pelo menos vamos desfrutá-las! Quanto falamos sobre o valor e o amor da amizade?
Segundo Buettner, os habitantes de Okinawa, no Japão, criam grupos de amigos chamados "moais", compostos por cinco pessoas que se comprometem umas com as outras por toda a vida. Reúnem-se todos os dias a tarde, na hora certa, para conversar e se alegrar. Se acompanhados, nutrem e perduram até a morte. Existe um círculo em que a vida seja mais feliz e menos estressante, do que com amigos incondicionais? Amigos que tem o privilégio de saber o que se passa, compartilhar alegrias, chamá-los em caso de emergência.
A ideia da “tribo certa” também aparece em outro livro do ano, The Life of 100 Years, de Gratton e Scott, com um fim menos poético porém igualmente impactante. Chama-se cuidado regenerativo, que é fonte de inspiração e tranquilidade. Obesidade, cigarro e até felicidade, dizem eles, são contagiosos. Isso nos lembra que para cuidar da saúde e da vitalidade, temos que cuidar melhor das relações. Os autores chamam a atenção para aquele momento da vida em que os filhos ou o trabalho fazem com que muitos se distanciem de seus amigos mais queridos. Com o passar dos anos, essas pessoas percebem que não têm mais a tribo, que não existe “rede de apoio”, ficam sozinhas. Será que seus encontros sociais trazem a ideia simples de cultivar a amizade? Como fazer para que, desde a escola, entendamos que a amizade não é um direito, mas uma benção que se constrói? Como explicar que não há reunião de trabalho que impeça um encontro com bons amigos? Como fazer as pessoas entenderem que o melhor presente não é um par de meias ou uma garrafa de rum, mas levar uma sopa quente no dia em que seu amigo adoece?
Em um mundo em que há cada vez mais pessoas solitárias, efeito da demografia, e estamos cada vez mais desconectados do que realmente importa, efeito da tecnologia, a salvação para muitos de nossos problemas de saúde mental, suicídios e desamparo, pode estar na velha, boa e pura amizade. Que tal abrirmos esse encontro com este texto do Profeta de Gibran, para nos incentivar: “E que haja riso na doçura da amizade e na partilha dos prazeres.. Pois é no orvalho das pequenas coisas que o coração encontra a sua manhã e se refresca.
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